Para
aqueles que duvidam da tua verdadeira existência… Quem é afinal JB Martins?
Quando
a Carla (Carla Rodrigues) me contou que existem pessoas que duvidam da minha existência fiquei
bastante honrado. No fundo isso coloca-me no patamar de um Pé Grande ou de um
Monstro de Loch Ness, o que não é para qualquer um. Mas infelizmente, eu existo
mesmo. Sou uma criatura com 26 anos de Coimbra. Tenho uma licenciatura e um
mestrado em Jornalismo e trabalho na Universidade de Coimbra. Tirando o meu
nome não há nada de mítico em mim (JB Martins não é o meu nome verdadeiro. Esse
vou continuar a deixar em segredo... assim tem mais piada).
Qual
das tuas paixões tem mais força: a banda desenhada ou o cinema?
Curiosamente
essas duas paixões surgiram mais ou menos na mesma altura. Os meus heróis de
infância eram o Batman (iniciei-me na BD de super-heróis com o story arc Knightfall
- claro que na altura nem sabia o que era um story arc) e o James
Bond. Cheguei a desenhar algumas bds e tudo (basicamente
copiava os desenhos de outras bds e criava estórias muito rudimentares). Mas
entretanto, e talvez por ser mais acessível, o cinema foi ganhando
protagonismo. Nos últimos anos voltei a redescobrir o meu interesse pela
banda-desenhada e, nos dias que correm, escolher entre os dois é difícil. No
entanto, e uma vez que o meu blog se chama Cineblog (e não Bdblog ou algo do
género), acho que tenho de dar a vitória ao cinema. Mas é por pouco. Aquilo que
gosto mesmo é de boas estórias e tanto a BD como o Cinema são plataformas de
excelência para contar boas estórias.
A série de curtas à qual tens dedicado quase toda a tua actividade como argumentista de BD, “A Garagem de Kubrick”, surgiu no âmbito do teu Cineblog. Como surgiu este projecto?
O
Cineblog surgiu em 2003 depois de ter visto um programa televisivo onde se
falava de blogs, essa plataforma que prometia revolucionar a Internet. Como os
sites que mais visitava na altura eram de cinema, a temática surgiu
naturalmente. Claro que se soubesse que ia durar tanto tempo tinha arranjado um
nome mais original.
E
a garagem? Como nasceu?
A
Garagem nasceu porque o bichinho da banda-desenhada nunca me abandonou
totalmente. Queria contar histórias novas, criar personagens ou brincar com
personagens que já existiam, um pouco como fazia em criança. Infelizmente os
meus dotes de desenhador são pouco mais do que nulos. Foi aí que descobri que
uma das visitantes do Cineblog tinha um dom especial para os
"rabiscos" e resolvi contactá-la por mail com este projeto. Foi assim
que nasceu a Garagem.
Já
conhecias a Carla Rodrigues antes de escrever para ela? Como avalias a parceria
até hoje?
A
Carla era uma visitante assídua do meu blogue. Comentava regularmente o meus
posts miseráveis. Também descobri o blogue dela onde falava um pouco de cinema
e publicava alguns dos seus desenhos. Só a conhecia por isso. A parceria não
poderia ser melhor. A Garagem nunca teria acontecido sem os desenhos da
Carla. O seu traço tem uma personalidade que se enquadra na perfeição naquilo
que tinha pensado para a Garagem. E claro, para além de ser muito
talentosa, é uma excelente pessoa.
O
argumento de banda desenhada é algo que queres aprofundar no futuro? Tens
ideias para projectos maiores e mais ambiciosos?
Sem
dúvida que gostaria de aprofundar essa faceta. Há um sem-fim de possibilidades
na banda-desenhada. Para além da Garagem já tenho escrito alguns contos de bd
para a revista Zona que me deram muito gosto a fazer (mais uma vez em parceria
com a Carla). E sim, tenho alguns projectos em mente, mais longos e mais
ambiciosos. Muitos não vão passar disso mesmo, outros quem sabe. Assim de
repente posso aqui dizer que já tenho escrito umas páginas de uma bd
protagonizada por um grupo de forcados amadores, essa instituição portuguesa
tantas vezes ignorada pelo panorama literário nacional.
Voltando
à “Garagem de Kubrick”, recentemente fez 3 anos. O que podemos esperar da série
para o futuro? O livro está nos vossos horizontes?
Para
o futuro vamos tentar fazer mais e melhor. Penso na Garagem como aquele armazém
que aparece no final do primeiro Indiana Jones, a Área 51. Cada episódio da
Garagem é uma daquelas caixas de madeira. Ainda há muitas para a abrir. O livro
estará sempre nos nossos horizontes. Até porque o interesse demonstrado pelos
leitores numa futura compilação tem sido imenso e não podemos desiludir aqueles
que nos apoiam.
Cinema
e banda desenhada. O que te apraz dizer sobre a relação entre os dois e dos
exemplos recentes de adaptações?
A
banda desenhada no cinema está provavelmente a passar por uma das suas melhores
fases. Os super-heróis, como o Batman ou os Avengers da Marvel, nunca tiveram
tão bom aspeto e movem multidões. Esse sucesso dos super-heróis arrasta
outros projectos, não tão populares, mas que também começam a ganhar força no
cinema. Que a relação continue por muitos anos e que tenham muitos meninos.