Um ninho de entrevistas dedicado à actualidade da ilustração e banda desenhada nacionais.
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Um bater de asas para divulgar os nossos projectos e autores.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Entrevista com JB Martins, argumentista de BD

Por detrás do Cineblog (um blog de cinema que pode ser acompanhado aqui) e da série de curtas de BD sobre cinema "A Garagem de Kubrick", realizada em parceria com a ilustradora Carla Rodrigues, está um divertido e enigmático argumentista que responde pelo pseudónimo de JB Martins. Para quem o quiser conhecer melhor, aqui fica uma breve entrevista...


Para aqueles que duvidam da tua verdadeira existência… Quem é afinal JB Martins?
Quando a Carla (Carla Rodrigues) me contou que existem pessoas que duvidam da minha existência fiquei bastante honrado. No fundo isso coloca-me no patamar de um Pé Grande ou de um Monstro de Loch Ness, o que não é para qualquer um. Mas infelizmente, eu existo mesmo. Sou uma criatura com 26 anos de Coimbra. Tenho uma licenciatura e um mestrado em Jornalismo e trabalho na Universidade de Coimbra. Tirando o meu nome não há nada de mítico em mim (JB Martins não é o meu nome verdadeiro. Esse vou continuar a deixar em segredo... assim tem mais piada).

Qual das tuas paixões tem mais força: a banda desenhada ou o cinema?
Curiosamente essas duas paixões surgiram mais ou menos na mesma altura. Os meus heróis de infância eram o Batman (iniciei-me na BD de super-heróis com o story arc Knightfall - claro que na altura nem sabia o que era um story arc) e o James Bond. Cheguei a desenhar algumas bds e tudo (basicamente copiava os desenhos de outras bds e criava estórias muito rudimentares). Mas entretanto, e talvez por ser mais acessível, o cinema foi ganhando protagonismo. Nos últimos anos voltei a redescobrir o meu interesse pela banda-desenhada e, nos dias que correm, escolher entre os dois é difícil. No entanto, e uma vez que o meu blog se chama Cineblog (e não Bdblog ou algo do género), acho que tenho de dar a vitória ao cinema. Mas é por pouco. Aquilo que gosto mesmo é de boas estórias e tanto a BD como o Cinema são plataformas de excelência para contar boas estórias.


A série de curtas à qual tens dedicado quase toda a tua actividade como argumentista de BD, “A Garagem de Kubrick”, surgiu no âmbito do teu Cineblog. Como surgiu este projecto?
O Cineblog surgiu em 2003 depois de ter visto um programa televisivo onde se falava de blogs, essa plataforma que prometia revolucionar a Internet. Como os sites que mais visitava na altura eram de cinema, a temática surgiu naturalmente. Claro que se soubesse que ia durar tanto tempo tinha arranjado um nome mais original.


E a garagem? Como nasceu?
A Garagem nasceu porque o bichinho da banda-desenhada nunca me abandonou totalmente. Queria contar histórias novas, criar personagens ou brincar com personagens que já existiam, um pouco como fazia em criança. Infelizmente os meus dotes de desenhador são pouco mais do que nulos. Foi aí que descobri que uma das visitantes do Cineblog tinha um dom especial para os "rabiscos" e resolvi contactá-la por mail com este projeto. Foi assim que nasceu a Garagem.


Já conhecias a Carla Rodrigues antes de escrever para ela? Como avalias a parceria até hoje?
A Carla era uma visitante assídua do meu blogue. Comentava regularmente o meus posts miseráveis. Também descobri o blogue dela onde falava um pouco de cinema e publicava alguns dos seus desenhos. Só a conhecia por isso. A parceria não poderia ser melhor. A Garagem nunca teria acontecido sem os desenhos da Carla. O seu traço tem uma personalidade que se enquadra na perfeição naquilo que tinha pensado para a Garagem. E claro, para além de ser muito talentosa, é uma excelente pessoa.


O argumento de banda desenhada é algo que queres aprofundar no futuro? Tens ideias para projectos maiores e mais ambiciosos?
Sem dúvida que gostaria de aprofundar essa faceta. Há um sem-fim de possibilidades na banda-desenhada. Para além da Garagem já tenho escrito alguns contos de bd para a revista Zona que me deram muito gosto a fazer (mais uma vez em parceria com a Carla). E sim, tenho alguns projectos em mente, mais longos e mais ambiciosos. Muitos não vão passar disso mesmo, outros quem sabe. Assim de repente posso aqui dizer que já tenho escrito umas páginas de uma bd protagonizada por um grupo de forcados amadores, essa instituição portuguesa tantas vezes ignorada pelo panorama literário nacional.


Voltando à “Garagem de Kubrick”, recentemente fez 3 anos. O que podemos esperar da série para o futuro? O livro está nos vossos horizontes?
Para o futuro vamos tentar fazer mais e melhor. Penso na Garagem como aquele armazém que aparece no final do primeiro Indiana Jones, a Área 51. Cada episódio da Garagem é uma daquelas caixas de madeira. Ainda há muitas para a abrir. O livro estará sempre nos nossos horizontes. Até porque o interesse demonstrado pelos leitores numa futura compilação tem sido imenso e não podemos desiludir aqueles que nos apoiam.


Cinema e banda desenhada. O que te apraz dizer sobre a relação entre os dois e dos exemplos recentes de adaptações?
A banda desenhada no cinema está provavelmente a passar por uma das suas melhores fases. Os super-heróis, como o Batman ou os Avengers da Marvel, nunca tiveram tão bom aspeto e movem multidões.  Esse sucesso dos super-heróis arrasta outros projectos, não tão populares, mas que também começam a ganhar força no cinema. Que a relação continue por muitos anos e que tenham muitos meninos.