Entrevista a Carlos Páscoa, publicada na Zona Nippon 1, antologia de BD e ilustração nacional do projecto ZONA.
Dono de um registo muito próprio e de um traço que tem sofrido uma evolução notável ao longo dos anos, Carlos Páscoa é um autor francamente promissor no âmbito da BD e da ilustração nacionais. A paixão está-lhe no sangue e nos altos contrastes das suas formas, na energia do seu preto e branco, e o talento, esse, descobriu-o muito cedo na sua cidade natal: Beja. Até hoje, o grosso do seu trabalho consiste em ilustrações soltas e curtas de banda desenhada... mas sabemos que tem em carteira projectos para os seus primeiros álbuns, para obras mais extensas.
Como a curiosidade é grande, fomos saber um pouco mais...
Ao longo dos anos, tens experimentado novas
técnicas e evoluído o teu traço. Como classificas o teu percurso?
Eu sempre fui muito avesso a experimentar coisas
novas. Quando comecei a trabalhar com aparo e tinta-da-china, foi o que
desenvolvi especificamente, porque me aborrecia profundamente trabalhar com
cores. Eu não conseguia exprimir-me com aquilo... a sensação mais parecida com
que eu defino a minha relação com a cor é como se tivesses uma enguia viva nas
mãos e ela se te escapasse por entre os dedos. Assim que comecei a trabalhar
com os aparos, senti que, de facto, era mesmo aquilo que me definia e foi o que
desenvolvi. Só mais tarde é que comecei a trabalhar digitalmente, e com
vantagens...
Entretanto licenciaste-te em arquitectura.
Achas que a tua formação académica te tornou melhor autor de banda desenhada?
Muito sinceramente... nem por isso. Foi um
tempo em que produzi muito pouco, e o que aprendi, pouco serviu para ampliar as
minhas competências na BD. Em todos os anos que estive na faculdade, só produzi
três histórias curtas... Estive muito tempo estagnado.
Sabemos que, por regra, escreves os teus
próprios argumentos e que tens alguns projectos já pensados em carteira. No que
consistem ao certo?
Projectos não me faltam... Concretizá-los é que é o problema. Eu não gosto de falar de projectos antes do tempo, em especial daqueles que ainda não estão sequer no papel... no entanto, posso já adiantar que tenho um álbum em fase de produção, mas ainda sem data definitiva de lançamento.
Quais são, para ti, os 3 melhores livros de BD
que já leste?
Bem, se fosse para uma ilha deserta e tivesse que
levar três livros, eu escolheria: "Batman
- The Long Halloween" do Jeph Loeb e do Tim Sale; "Memórias do Eterno Presente" da
dupla Schuiten-Peeters; e "Habibi"
do Craig Thompson.
Para saber mais acerca do trabalho do Carlos Páscoa, visite o seguinte link:
O Carlos Páscoa teve um trabalho publicado logo no BDjornal #2 (2005) e, para ser sincero, precisava de uma entrevista mais longa e a rasgar. Ele tem muito para dizer mas é um bocado reservado (como quase todos os alentejanos).
ResponderEliminarOlá Machado. A entrevista é curta porque, como sabes, foi publicada na Zona Nippon que tinha menos espaço do que as outras. No entanto, é apenas uma pequenas abordagem a um autor que, tal como apontas, tem um percurso que não é assim tão curto no panorama bedéfilo nacional. Portanto, se calhar qualquer dia voltamos a ele e obrigamo-lo a falar (que isso de "reserva" é melhor para os vinhos do Alentejo). ;)
EliminarConcordo contigo, mas vais ter de te esforçar bem, porque são mais fáceis de desarrolhar os vinhos de reserva do Alentejo do que os autores de BD da mesma cepa. Nunca se consegue tirar muito da Susa ou do Véte, por exemplo. Portanto...
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