Um ninho de entrevistas dedicado à actualidade da ilustração e banda desenhada nacionais.
Uma bicada nos mais desatentos pelo que por cá se faz.
Um bater de asas para divulgar os nossos projectos e autores.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Entrevista com a ilustradora e banda desenhista Carla Rodrigues




Entrevista a Carla Rodrigues, publicada na Zona Gráfica Volume 1, revista alternativa de BD e ilustração nacional do projecto ZONA.

Embora seja ainda muito jovem e faça banda desenhada há relativamente pouco tempo, Carla Rodrigues é uma das autoras mais prolíficas e talentosas da nova geração da BD nacional. Nos últimos anos, além de ter participado em várias publicações e colaborado em muitos outros projectos não só de BD mas também de ilustração, tem vindo a confirmar as expectativas que nela se depositaram desde os primeiros passos numa das suas grandes paixões: a fan art. Actualmente, a série "A Garagem de Kubrick", uma rubrica cómica sobre cinema com argumento de JB Martins publicada na revista Empire, e a nomeação para a Melhor Obra Curta dos Troféus Central Comics com a BD "Empregado Precisa-se" (publicada na Zona Negra 2, também com argumento de JB) são as notícias de maior destaque no percurso da jovem autora.

Mas ninguém melhor do que ela própria para nos contar um pouco mais...


Nas tuas palavras, e para quem não te conhece, quem é a Carla Rodrigues?
Sou uma ilustradora e uma apaixonada (e desenhadora) da banda desenhada. Nasci no Porto, em 1984 (viva os anos 80) e desde que consigo pegar num lápis que rabisco em qualquer sítio: de papel a toalhas de mesa, vale tudo! Por diversas razões, acabei por não seguir Artes na escola secundária e por isso fui aterrar no curso de Biologia. Isso não me fez parar de desenhar, pelo contrário, fez crescer a minha paixão pelo desenho e a minha sede de aprender – comecei a brincar com a pintura digital, e com isso fui evoluindo. 
Tenho sido muito autodidacta, vou estudando métodos diferentes, experimentando, e aprendendo com os erros. Também gosto de brincar com métodos tradicionais, utilizando aguarelas, acrílicos, marcadores… o que puder usar para pintar, uso!




Desde o primeiro esboço ao produto final, como é o teu processo de trabalho?

Começo por esboçar de forma muito solta as ideias que me vão ocorrendo. Depois, noutra folha, aperfeiçoo as linhas – que faço utilizando um lápis ou porta-minas – guiando-me pelo esboço, e depois passo a tinta (geralmente uso canetas de diferentes pontas, de 0.1  a 0.8mm., mas tenho estado a experimentar utilizar brush pens). A seguir quem faz o trabalho é o scanner, e a partir daqui é tudo digital. No computador, limpo e aperfeiçoo as linhas, e depois é só colorir. Há alguns anos comprei uma pequena tablet, o que facilita muito o processo de colorir – antes trabalhava só com o rato, e era uma pequena dor de cabeça.




Dirias que os filmes de terror série B são as tuas maiores referências? Aonde mais vais buscar inspiração?

Os filmes de terror são sem dúvida uma grande influência! Não só os filmes, como aquele tipo de histórias assustadoras que se contam de noite, lendas urbanas, literatura de terror… Gosto muito desse tipo de material, então invariavelmente acaba por inspirar algumas das minhas ilustrações e BD’s. Mas o cinema de terror série B tem um apelo muito próprio. Acho esses filmes muito divertidos, e como gosto sempre de injectar humor nos meus trabalhos, acabam por ser uma influência especial. Os diálogos cheesy, os efeitos especiais  que deixam algo a desejar, tudo isso me entretém e inspira de uma forma que se provavelmente não resulta para muitas outras pessoas. 
Quanto a outras fontes de inspiração, existem várias… Cultura pop, da música aos livros, da BD ao cinema, de acontecimentos do quotidiano aos desenhos animados… desde que algo me marque ou me faça reagir emocionalmente, acabará por me influenciar de uma maneira ou de outra.




Como ilustradora / desenhadora de BD, qual é o teu maior objectivo?

O meu maior objectivo é criar trabalhos que me agradem a mim, e que agradem a quem os vê! Que consigam inspirar, entreter e divertir o público. Era bom também conseguir criar trabalhos que tivessem cada vez mais exposição - é para isso que continuo a aprender e a evoluir - e conseguir que a ilustração fosse a minha actividade profissional principal.




Se pudesses recomendar 3 obras de banda desenhada a todos os amantes da 9ª arte, quais escolherias?

Pergunta difícil, mas para primeira recomendação há um nome que me salta logo à cabeça: “Blankets”, de Craig Thompson. Não só é uma história incrivelmente bem escrita, madura e tocante, como a arte é simplesmente maravilhosa. Acho que não consigo dizer o quão fantástica é esta obra, por isso resta-me indicá-la e esperar que quem nunca leu, vá ler! Vale a pena, e é um livro que devia estar na biblioteca de todos os amantes da banda desenhada. 
Depois, posso referir "The Walking Dead". Atenção, não é só porque tem zombies: é uma BD incrivelmente viciante que segue as vidas de um grupo de sobreviventes de um apocalipse zombie. Foca-se muito mais no elemento humano do que nos mortos-vivos, e garanto que se começarem a ler, não conseguem parar. Curiosamente, vai ser adaptada a uma série de TV, e esperemos que esteja à altura da BD, que é muito boa. 
Por último… bem… há muita coisa excelente que poderia recomendar, portanto é complicado. Mas vou escolher "Umbrella Academy". É uma série com uma visão bastante original de uma equipa de super heróis que é quase uma família disfuncional. Além disto, a arte é excelente, por isso merece uma recomendação. Mas havia muitas outras obras que gostaria de recomendar... Podia ainda referir "Invincible", "Scott Pilgrim"... Felizmente o mundo da BD é riquíssimo e tem coisas fantásticas.


Para saber mais acerca do trabalho da Carla Rodrigues, consulte os seguintes links:






P.S.: Entretanto, há a acrescentar que de facto sempre se fez uma série de TV a partir da BD "The Walking Dead" e vai já na segunda temporada… 

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