Um ninho de entrevistas dedicado à actualidade da ilustração e banda desenhada nacionais.
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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Entrevista à ilustradora e banda desenhista Joana Afonso




Entrevista a Joana Afonso, publicada na Zona Monstra, revista alternativa de BD e ilustração nacional do projecto ZONA.

A Joana é uma jovem ilustradora lisboeta a quem se adivinha um futuro brilhante. Se na publicidade o algodão é que desfaz a dúvida, no caso da Joana é caso para dizer que "aquele traço não engana". Entre os projectos desenvolvidos no The Lisbon Studio, estúdio colectivo de profissionais liberais que partilha com outros autores bem conhecidos do panorama nacional como JCoelho, Ricardo Cabral, Pedro Brito ou Ricardo Venâncio (entre muitos outros) e os desenhos esboçados nos transportes públicos ou na mesa do café, também desenvolve actividade profissional como monitora na Faculdade de Belas Artes onde se licenciou em Pintura. Um talento impressionante que teve recentemente mais uma importante conquista ao ganhar o concurso do Festival Internacional de BD da Amadora. 


Fica então aqui o seu cartão de visita em jeito de cinco respostas rápidas...




És uma das autoras mais jovens já publicadas pela Zona mas contas já com muito trabalho realizado. Como é que tudo começou?

Esta é realmente uma boa pergunta, nem eu sei bem ao certo, sei que sempre gostei de fazer os meus desenhos e rabiscar em tudo quanto era lado, não só no papel mas também nas mobílias e livros de grandes romances da minha mãe. Nunca tive grandes influências no que toca à família e ao gosto da Banda Desenhada, ou a qualquer outra área artística, apenas passava a vida a ver desenhos animados e enquanto os meus colegas queriam ser veterinários e médicos eu queria fazer bonecos. E com este gosto tentei sempre seguir os caminhos à procura deste meu sonho, apesar de difícil e sinuoso, presentemente vou-me sentido mais perto, apesar de saber que ainda tenho um longo caminho para percorrer. Mas em toda esta caminha, penso que só na faculdade é que encarei esta história com mais seriedade, nestes últimos anos finalmente perguntei-me a mim mesma: porque não? Então a partir desse momento nunca mais parei de tentar fazer mais e mais trabalhos, procurando novas oportunidades, fui conhecendo mais pessoas ligadas a este meio, algo que também considero importante. Foi ao entrar em contacto com os artistas, alguns deles ídolos, que vi que talvez não fazia mal em investir mais no que realmente gosto de fazer.





Além da ilustração e da BD dás também uns toques na animação. Qual das formas de expressão te atrai mais e porquê?

Outra pergunta complicada, mas talvez comece por frisar o facto da ilustração e da BD serem as expressões com as quais me familiarizei mais cedo em termos expressivos próprios e apenas há cerca de dois anos é que conheci as maravilhas da animação, não que as primeiras não sejam, ambas seduzem-me cada fez mais. Foi numa cadeira do curso de Pintura chamada Desenho Digital que aprendi a funcionar com alguns programas, tendo realizado uma pequena animação em 3D, com a qual fui tomando cada vez mais o gosto por esta nova maneira de dar vida, quase literalmente ao que se cria. Presentemente estou a realizar uma outra animação, só que desta vez em duas dimensões, não sei quanto tempo demorarei até a acabar, alias, este é um dos problemas da animação quando quem a está a fazer, trabalha sozinho, o tempo por vezes não chega para tudo. Mas voltando à ilustração e à BD sinto que tenho bastantes influencias da animação, especialmente no que toca ao desenho de personagens. Por isso, como podem ver, é muito complicado para mim escolher apenas uma, pelo menos por agora, no futuro quem sabe...





Muita gente pergunta pelos “cotões”, um tema recorrente nos teus desenhos. Afinal, o que são e o que pretendes fazer com eles?

Agora é que me tramaram bem. Bom, esta ideia surgiu depois de rever uns vídeos de há muito tempo, quando tinha por volta dos cinco anos, foi a partir daí que peguei na minha figura dessa altura, a qual foi inspiração da personagem que muitas das vezes faço junto dos ditos cotões. Estes monstros seria um pouco como os cotões são, coisas estranhas esquecidas pelos mais variados cantos da casa, da rua, ou até do corpo. A ideia que comecei a desenvolver, mas que entretanto parei, remete estas coisas esquecidas para um imaginário de memórias, medos que evoluíam com a personagem, neste caso eu. Mas apesar de ter cessado esta história, mais tarde quero voltar a ela e fazer algo com este mundo.




E o Lisbon Studio? Fala-nos um pouco dessa experiência.

O Lisbon Studio é sem dúvida das melhores experiências que tive neste último ano, achei fantástico um espaço onde todas as pessoas, neste caso grandes artistas que lá trabalham, apesar de serem das mais variadas áreas, falarem a mesma língua e isso enriquece bastante não só os dias, as pessoas mas também os trabalhos. Pode-se contar sempre com uma segunda, terceira ou quarta opinião. É uma experiência bastante feliz que tenho, lá também se potenciam vários trabalhos em conjunto, como por exemplo a MAG, que brevemente terá o segundo número à venda.Como também, por vezes em situações de trabalhos pedidos por clientes, no caso da pessoa que foi contactada não tiver tempo, existe sempre a possibilidade de uma outra o fazer.




Daqui a 10 anos, onde e como te visualizas como autora?

Ora bem, daqui a dez anos... infelizmente não percebo de astrologia, nem de búzios, nem de borras de café, senão talvez conseguisse falar um pouco mais sobre o que me aguarda o futuro. Posso apenas dizer que vou continuar a fazer coisas, espero que melhores do que as de agora, não sei se será mais ligada à BD ou à animação, mas espero que seja em algo que goste realmente. Tentarei sempre fazer a minha sorte.


Para saber mais acerca do trabalho da Joana Afonso, visite o o seguinte bloque:



P.S.: Em 2012, atenção à editora Kingpin Books pois é garantido que publicará um álbum de BD com desenho de Joana Afonso e argumento de Nuno Duarte ("A Fórmula da Felicidade"). E mais não digo...

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